sábado, 21 de novembro de 2009

GERAÇÕES

O mundo gira, gira em torno de nós e quando percebemos, o tempo passa. Não sou muito velho, mas também não sou muito novo, sou velho de mais para brincar de pique no bairro, novo de mais para ser um pai de família...

O tempo passa e com ele vem as mudanças que é um dilema dizer se são boas ou ruins.

A minha geração brincava de futebol em ruas de pedras.

A minha geração brincava de bandeirinha estourada, e quando pergunto a crianças de hoje eles nem sabem o que é.

Eu ia para cachoeira de bicicleta com amigos.

Escorregar em barrancos com papelão, Polícia Ladrão valendo todo bairro, será que isso ainda existe?

Salada mista nos fundos da escola primária com as menininhas da sala, como era emocionante, campeonatos colegiais onde toda escola torcia incessantemente para a equipe.

Cartinhas escritas a mão com perfume do remetente, ou melhor, da remetente. Quem presenciou essa época sabe que o sentimento que uma simples carta passa , um e-mail por mais sofisticado que seja nunca irá passar.

Acredito que minha geração foi a última a presenciar isso.

Hoje já não vemos entretenimento como tinha antes, eu não estou falando da época dos meus pais, estou relatando a minha época.

Enquanto na turma tinha no máximo uma ou duas pessoas que preferiam ficar dentro de casa

jogando videogame e assistindo tv, o restante estava na rua se divertindo de verdade. Hoje as ruas estão vazias, as pessoas estão se isolando cada vês mais cedo, achando que interação de verdade só existe na internet. Interação de verdade é no corpo a corpo, olho no olho, caindo pra aprender, hoje as criancinhas nem isso passam, os pais logo compram um andador para os protegerem.

Para sermos pessoas fortes com um caráter de uma rocha, temos que cair, pois são os tombos é que ensinam a levantar, e hoje vejo isso muito pouco, percebo uma geração que surge insegura, onde a tecnologia e a sofisticação faz-nos sentirmos auto-suficiente, mas na verdade estão sujeitos a tudo que o mundo oferece, coisas boas ecoisas ruins.

Na minha infância, cresci com minha mãe dizendo;” Menino que fica na rua só aprende o que não presta”, então nos presenteavam com videogames e computadores, tudo para isolarmos buscando entretenimento pessoal. O Japão é líder em desenvolver entretenimento para crianças e adolescentes, mas também defende o primeiro lugar no índice de suicídios nesta mesma faixa etária, muitos

alegam se sentir sozinhos conseqüentemente vindo a depressão, uma doença que cresce assustadoramente nos últimos anos. Então me pergunto; Será que a rua que nos faz tanto mal ou essa busca constante do isolamento que tem feito uma geração por completa perder os verdadeiros prazeres e principalmente sua própria identidade?



COSTA, Paulo Victor. Dez. 2009.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A mudança de dona Xica





Depois que sua filha se casou, dona Xica ficou sozinha. Seu esposo 5 anos antes do casamento de Bianca morreu em um acidente de carro.

Então, como estava sozinha e sem muitas atividades cotidianas ela começou a praticar algo que até então não tinha habito, o da leitura, ela lia de tudo, bíblia, livros de contos, crônicas, romances, revistas de várias áreas etc..

Com essa prática que começara a ter, sua mente mudou, dona Xica queria uma mudança de vida, ela me disse que estava cansada de ser a mesma pessoa, e como ela mudou.

Com o dinheiro que ganhara da pensão de seu falecido esposo ela juntou por alguns meses e conseguiu abrir um restaurante, cozinhar era uma de suas especialidades. Sua cultura mudou completamente, antes ela era uma pessoa escrota, falava palavrões, brigava por qualquer coisa, hoje ela fala educadamente, com um tom de vós suave, ela mudou muito.
O negocio de montar um restaurante deu certo, sua renda financeira cresceu assustadoramente, passou a ser uma pessoa respeitada e muito popular em sua cidade, até o prefeito era amigo dela. Tudo estava dando muito certo, dona Xica parecia a mulher mas feliz do mundo, mas algo ainda o incomodava muito, sua aparência. Ela mudou muito mas era aquela velha mulher que aparentava ter uns 200 quilos com uma pinta enorme no nariz. Sua aparência a incomodava muito, até que lendo uma revista especializada em ciências estéticas, percebeu uma matéria falando sobre redução de estômago onde a pessoa poderia perder até 70% de seu peso. Como ela ficou empolgada. Imediatamente providenciou tudo, fez a cirurgia, aproveitou e no mesmo periodo retirou a pinta no nariz que tanto a incomodava. Pronto, a velha estava mas pra minha cunhada do que pra sogra. Já não gostava mais do apelido de “dona Xica” agora era Francisca Maier, uma empresária de sucesso.

No dia 15 de novembro foi convidada para receber um título de cidadã honorária pela camara dos vereadores de sua cidade, ela só não tinha idéia que sua vida iria mudar ainda mais e pra melhor.

Quando chegou na camara logo foi recepcionada por um novo secretário de saúde que veio

de outra cidade, seu coração começou a palpitar....



Continua...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Crônica de Luiz Fernando Verissimo


Acho a maior graça. Tomate previne isso,cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me
embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo,
faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde!
E passar o resto do dia sem coragem para pedir
desculpas, pior ainda!
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada!