terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O primeiro desafio

Era aula de Fotojornalismo com o Professor Renato Sigiliano. Logo nas primeiras aulas do segundo semestre, onde ele logo elaborou um trabalho, não era um simples trabalho extraclasse, era a primeira matéria da turma. A classe estava animada, muitas pautas sendo discutidas, o trabalho era escrever uma reportagem factual e registrar com uma fotografia dentro do contexto que a disciplina propunha. Eu, ansioso e com muita vontade de produzir algo surpreendente, inovador, pensei nas mais ousadas matérias jornalísticas, até que decidi reportar sobre o dia-dia do morador de rua.
Era uma ideia excelente, já estava com tudo em mente para elaboração do texto, sabia aonde iria, quem ira entrevistar, mas foi o dia que eu também aprendi uma das mais importantes lições da profissão. O imprevisto.
Fui entrevistar o que iria conduzir a matéria, um morador de rua. Era Julho, estava uma noite fria, ao sair da faculdade por volta de umas 23h, encontrei um mendigo próximo a Rodoviária depois de percorrer toda cidade. Para não chegar de mãos vazias, comprei 2 salgados, ofereci primeiro, ele agradeceu demonstrando ser bem simpático. Esperei terminar de comer e disse; -Posso fazer algumas perguntas e tirar uma foto? Imediatamente o mendigo levantou muito bravo dizendo pra eu sumir senão iria quebrar minha máquina. Sair rapidamente sem a minha tão sonhada primeira matéria. Então, sem matéria para apresentar, comecei a observar em minha volta o que acontecia, afinal, tudo pode se tornar uma grande reportagem, depende do ponto de vista do repórter. Reparei que tinha um terminal de táxi perto de onde estava. Comecei a imaginar como era interessante a rotina de um taxista, eles trabalham sete dias semanais, não tem hora para começar nem terminar, convivem bem uns com os outros, fora os perigos da profissão.
Fui até eles para trocar apenas uma ideia e percebi que cada um tinha uma história diferente, algo marcante, um deles que entrevistei tinha sido assaltado semanas antes e relatou o que passou nas mãos do bandido.
Ao final daquela surpreendente matéria, aprendi que ser jornalista não é apenas sair com uma câmera e um bloco entrevistando pessoas. Ser Jornalista é ter uma sensibilidade para enxergar uma história numa simples rotina. Ser Jornalista é ter a cada dia um desafio para superar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário